“A
doutrina materialista de que os seres humanos são produtos das
circunstâncias e da educação, [de que] seres humanos transformados
são, portanto, produtos de outras circunstâncias e de uma educação
mudada, esquece que as circunstâncias são transformadas
precisamente pelos seres humanos e que o educador tem ele próprio de
ser educado.”
III
Tese sobre Feuerbach – Marx
A luta por uma
Educação pública, gratuita e socialmente referendada no Brasil
passa necessariamente pela discussão sobre a valorização dos/as
profissionais do magistério. Nos últimos anos, os avanços no campo
da remuneração e do plano de carreiras, fruto das lutas e greves
dos professores e professoras, tem encontrado como contrapartida a
oposição de governos, agências e empresas que buscam todo tipo de
subterfúgio e manobra jurídica e econômica para burlar leis e não
cumprirem as exigências e acordos efetuados.
O ingresso exclusivo
por concurso público, garantido pela Lei de Diretrizes e Bases (Lei
9.394/96) e pela carta magna do País (Constituição de 1988) é
sistematicamente ferido por todos os estados da federação. Os
Planos de carreira são pouco atrativos sem avanços significativos
mesmo com anos de serviço e elevados níveis de escolaridade. O Piso
Salarial Profissional Nacional (PSPN – Lei 11.738/08), mesmo após
sua confirmação e validação pelo Supremo Tribunal Federal não é
cumprido ou é maquiado na maior parte dos municípios e estados.
Em
Minas Gerais, o quadro é ainda pior! Os governos de Aécio Neves e
Antônio Anastasia têm tratado a educação com desrespeito a seus
profissionais e se utilizando da mídia, onde a partir de peças
publicitárias milionárias, com dados altamente questionáveis,
apresenta uma realidade que pode ser facilmente desmascarada por
qualquer professor/a, aluno/a ou pai que freqüente uma escola
pública da rede. O Plano de Carreira, implantado em 2005, e que nem
de longe, contemplava a luta histórica das educadoras e educadores
mineiros, foi descaracterizado, para pior, com a implantação do
regime de subsídio em 2011. Em uma manobra jurídica, o governo
sustenta que cumpre a lei do PSPN, desrespeitando as determinações
do STF. Passou-se sete anos desde o último concurso com processos de
designação funcionando como via de regra, desrespeitando toda a
legislação. Os investimentos do governo no Ensino Técnico não
refletiram na construção de nenhuma escola profissionalizante, mas
no repasse de dinheiro público à iniciativa privada, notadamente
pelo badalado Programa de Educação Profissional funcionando nas
unidades do SISTEMA S (Sesi, Senai, Senac, entre outros). Ao invés
de um programa de capacitação, atualização e aperfeiçoamento dos
professores, o governo preferiu investir no Programa de Intervenção
Pedagógica, que pouco tem servido para melhorar a qualidade da
educação, além de servir como medida de vigilância e prescrição,
retirando a autonomia dos/as professores/as. O Programa do Professor
da Família precariza ainda mais o trabalho docente, pois ao invés
de valorizar os profissionais da rede, contrata servidores sem
formação para trabalhar em péssimas condições. As turmas
multiseriadas continuam sendo uma realidade em Minas Gerais tornando
ainda mais problemática, a já calamitosa situação das escolas e
dos/as professoras/as do estado.
O
duro golpe sofrido pelas trabalhadoras e trabalhadores em educação
com a aprovação da Lei 19.837 de 2011 e sua implantação forçada
a despeito dos 112 dias de greve e dos mais de 150 mil que optaram
pelo regime de vencimento básico, só não foi maior que as lições
retiradas do processo de luta. Aprendemos que se com a luta, nossos
objetivos são difíceis, sem ela, eles são inalcançáveis.
Aprendemos que não podemos confiar em deputados e seus partidos, que
por mais ‘progressistas’ que sejam no discurso, irão votar pelos
seus interesses e mesquinharias. Aprendemos que unidos somos fortes,
mas separados, somos facilmente dispersos. Aprendemos que nossos
alunos podem ser nossos maiores aliados. Aprendemos, sobretudo, quem
são nossos inimigos, os inimigos da educação mineira. De todas as
lições, entendemos que ser professor e professora e não lutar, é
maior das contradições pedagógicas.
Ensinou-nos Cora
Coralina, que Feliz
aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Ensinando
nossos alunos e nossa sociedade que educação de qualidade não se
pede, se conquista, aprendemos que só a luta muda a vida!
POR NENHUM DIREITO A
MENOS! PARA AVANÇAR NAS CONQUISTAS!