quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Educadores cubanos contribuem na alfabetização de trabalhadores rurais no Brasil

Por Joana Tavares da Página do MST
http://convencao2009.blogspot.com/2010/12/educadores-cubanos-contribuem-na.html

Ontem,dia 22 de dezembro, Cuba comemora o Dia do Educador. A data tem sentido especial para a ilha, que em 1961 celebrava a erradicação do analfabetismo.
A campanha para que todas as pessoas possam adquirir o direito de ler e escrever percorreu o mundo. O método cubano denominado “Sim, eu posso” está em execução em mais de 29 países e já transformou quatro deles em territórios livres do analfabetismo: Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador.
Os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) apontam que o Brasil ainda possui 14 milhões de analfabetos. Para contribuir com a superação dessa realidade, 13 educadores cubanos passaram o ano de 2010 trabalhando junto com educadores brasileiros na alfabetização de adultos em sete estados: Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Pará, Alagoas, Alagoas, Rio de Janeiro e Bahia.
“O Brasil era um desafio mais complicado, por sua dimensão continental. O número total não é o que desejamos, nem o MST nem nós cubanos, mas é o que foi possível dentro das possibilidades, com a dificuldade de acordos com governos. São milhões de pessoas que ainda precisam se alfabetizar e não podemos nos esquecer disso”, aponta o embaixador de Cuba no Brasil, Carlos Zamora.(Leia a entrevista abaixo).


Em parceria com o MST e com alguns municípios, 2.904 trabalhadores e trabalhadoras rurais se graduaram com o método “Sim, eu posso”, que utiliza vídeos para auxiliar o processo de aprendizado. Outros 3.248 continuam estudando, nas 295 turmas em andamento nos assentamentos e acampamentos.
“Para mim foi uma coisa muito grande, porque conheci de perto o modo de vida do povo brasileiro, sua hospitalidade. A forma como me receberam, em cada acampamento, sempre foi muito alegre. As merendas, as comidas, eram feitas junto com a comunidade”, conta Felipe Granja, que trabalhou no estado do Rio Grande do Norte.
João Paulo Rodrigues, da Coordenação Nacional do MST, reforça o compromisso do Movimento de erradicar o analfabetismo em suas áreas e agradece ao povo cubano por mais esse exemplo de solidariedade. “Na construção histórica do MST, Cuba sempre foi uma referência, tanto na questão da formação político-ideológica como na organização do trabalho. Cuba nos deu a oportunidade de formar 53 médicos e temos outros 98 estudando. Vocês deixam aqui o exemplo: o maior triunfo para o próximo período. Vocês retornam como militantes do MST, com todo nosso carinho”.


"Não é possível pensar em liberdade sem conhecimento"


Educadores cubanos percorreram sete estados brasileiros para difundir o método “Sim, eu posso”, que contribuiu para erradicar o analfabetismo em quatro países latino-americanos. Neste ano, 2.904 trabalhadores e trabalhadoras rurais aprenderam a ler e escrever com o método. Em parceria com o MST, outras 295 turmas estão em andamento.
A ilha comemora neste 22 de dezembro o Dia do Educador, para celebrar a vitória de ter toda sua população alfabetizada em 1961. Em entrevista para a Página do MST, Carlos Zamora, embaixador de Cuba no Brasil, declara que o país fará o que estiver a seu alcance para contribuir com a erradicação do analfabetismo.



Como você avalia a importância da parceira do povo cubano com o povo brasileiro no “Sim, eu posso” aqui no Brasil em 2010?
Carlos Zamora - Creio que é uma iniciativa muito importante, e que nos emociona, como o MST, com sua luta social com a reivindicação e solução dos problemas dos sem terra no Brasil e da Reforma Agrária e distintas bandeiras, é capaz de preocupar-se e ocupar-se para que não somente sua militância, simpatizantes e base possam aprender a ler a escrever - algo de suma importância para a dignidade da pessoa - como também desenvolve iniciativas que atendem ao conjunto do povo brasileiro. No tempo em que se desenvolveu o programa do “Sim, eu posso”, da parte do MST, muitos brasileiros aprenderam a ler e a escrever.
Não é possível pensar na liberdade, nem nos direitos humanos, nem no desenvolvimento, nem em seguir adiante, sem estar embasado na aquisição do conhecimento, em aprender a ler e escrever, de aprender a conhecer as distintas experiências, sem adquirir uma profissão, sem adquirir conhecimentos que permitam avançar. José Martí dizia que precisamos ser cultos para ser livres. E precisamente isso só é possível com o conhecimento.
Diminuir a quantidade de pessoas que são analfabetas é uma contribuição ao futuro do Brasil, uma contribuição verdadeira. Não somente ao futuro do seu povo e de sua gente, mas garantir a possibilidade da liberdade e da independência. Isso é uma coisa que nós avaliamos muito positivamente.
E onde quer que seja no mundo, em qualquer parte, onde haja uma causa humana e justa de defender, o povo cubano estará disposto a dar nossa cooperação. E neste caso, ao povo brasileiro, que é um povo irmão, um povo querido, nossa gente, um povo que nossa gente ama, poder contribuir nesse tipo de trabalho, é uma honra, um orgulho, algo que nos motiva.


Há algum indicativo de novos projetos, de novas iniciativas entre o povo cubano e o povo brasileiro?
CZ - A relação do povo cubano e do brasileiro são relações permanentes, relações eternas que nunca foram interrompidas. Pode até ter havido interrupções nas relações oficiais, mas nunca entre os povos. E o que estiver em nossas mãos para contribuir para que esse programa siga desenvolvendo, faremos o esforço necessário.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

NOTA DE FALECIMENTO - PCB/BASE EDUCAÇÃO RJ

Camaradas,
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Ontem à noite, o camarada César Lima, militante da Base da Educação do Partido no Rio, tendo sofrido um grave acidente de carro na Rio-Santos, veio a falecer.
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O enterro está confirmado para às 9h30min, também no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap
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Camarada César, PRESENTE!!!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Projeto da PBH reduz verba para educação

Proposta do prefeito de Belo Horizonte altera a base de cálculo dos recursos destinados ao ensino público

Lucca Figueiredo - Repórter - 16/12/2010 - 09:34

A educação pode ter verbas reduzidas a partir do ano que vem na capital mineira. Pelo menos é o que garante o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede/BH).

Segundo integrantes do grupo, tramita na Câmara Municipal, já em segundo turno, uma proposta que altera a base de cálculo para a destinação dos recursos. Além disso, o dinheiro poderá ser usado de outras formas, comprometendo o repasse direto e o investimento nas escolas e na formação dos alunos.

A matéria encaminhada pelo Executivo pretende alterar o artigo 160 da Lei Orgânica de Belo Horizonte. O texto passa atualmente pelas comissões temáticas da Câmara Municipal porque recebeu emendas. Com o fim das reuniões ordinárias, ontem, a matéria deve voltar a ser analisada nas sessões extras, marcadas para começar na próxima semana.

Um dos pontos de preocupação do Sind-Rede/BH é em relação ao cálculo do valor destinado à educação. Atualmente, 30% da receita orçamentária apurada pela prefeitura são destinados à educação. No texto apresentado pelo governo, a intenção é utilizar o mesmo percentual, mas com base nos impostos arrecadados, o que poderá representar um valor menor.

Segundo cálculos do movimento popular Nossa BH, o orçamento da Educação neste ano girou em torno de R$ 1,5 bilhão, e se a emenda for aprovada pode haver uma redução de até R$ 500 milhões no valor a partir de 2011.

A proposta autoriza outros gastos com o dinheiro. Entre eles, o custeio de programas que utilizam o espaço das escolas fora do horário de aula e os custos de produção e divulgação de campanhas educativas coordenadas pela prefeitura.

Para a diretora do Sind-Rede/BH, Vanessa Portugal, o governo pretende alterar o texto para tentar criar formas de burlar a legislação. “As áreas da saúde e educação têm verbas previstas dentro do orçamento. A determinação existe para atender as necessidades da população. Agora querem mudar. Isso é ilegal”, afirmou.

Já o vereador Fred Costa (PHS), único a votar contra a alteração em primeiro turno no plenário da Câmara, considera a tentativa de mudança um abuso por parte do Executivo. “É inadmissível que seja aprovada uma proposta para diminuir o recurso que será investido na educação. Na verdade, temos que priorizar estes investimentos e não reduzir. É um descumprimento da lei federal. A forma como o texto está colocado mexe nos recursos da educação, já que aumenta o numero de formas de distribuição”, criticou.

Para evitar a aprovação do texto, representantes das classes ligadas à educação vão começar hoje na Câmara Municipal uma campanha de mobilização. A intenção é retirar a matéria antes da votação em segundo turno. “Contamos também com o apoio popular. Só assim será possível reverter o quadro. Já procuramos os vereadores, e queremos que o projeto seja retirado da pauta. É preciso que haja uma discussão com a classe antes de qualquer alteração”, afirmou Vanessa Portugal.

O líder do Governo na Câmara, vereador Paulo Lamac (PT), minimizou a denúncia apresentada. “O projeto é importante porque disciplina os recursos da educação. É importante deixar claro quais programas serão beneficiados com o dinheiro, como por exemplo o Escola Aberta e a educação em tempo integral. Não há nada de irregular no texto ou na forma como a matéria será analisada”. Lamac disse estar confiante na aprovação do texto, que deve voltar ao plenário até o dia 23 deste mês.

Mudança interfere na aprovação de contas

A alteração na lei orgânica proposta pelo Executivo na área da educação pode perdoar possíveis erros de gestões passadas. Segundo o Sind-rede/BH, a medida pretende aprovar as contas da prefeitura desde 2000.
Se isso ocorrer, possíveis irregularidades – como o não cumprimento do repasse de 30% da receita – serão esquecidas. De acordo com Vanessa Portugal, cerca de 19% dos valores que deveriam ser repassados chegam aos cofres da área. “Há anos não tem o repasse integral”.

Projetos da PBH só nas extraordinárias

O vereador Paulo Lamac (PT), negou a irregularidade. “Belo Horizonte aplica o valor estipulado, que é inclusive superior ao que é previsto em lei. A capital mineira é uma das poucas cidades que consegue fazer isso no país”.

A votação das propostas do Executivo ficou para as reuniões extraordinárias, que começam na próxima semana. Ontem, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) se reuniu com Lamac e vereadores do PMDB, para articular a votação da proposta que autoriza uma reforma administrativa no município.