Ontem a assembléia estadual deliberou por maioria a suspensão da greve e manter "estado de greve”. A direção do sindicato vai continuar negociando com o governo e dia 30/10 tem paralisação com assembléia estadual pra avaliar se tiveram avanços.
A decisão foi tomada pelo comando de greve em reunião pela manhã e aprovada em assembléia à tarde e deveu-se ao fato de que no levantamento do índice de greve por cada região do estado verificou-se que o refluxo até ontem já era significativo e na 2ª aumentaria muito. É importante lembrar a todos que o índice foi pequeno durante toda a greve, teve região (o sul por ex.) que a greve não atingiu, em nenhum momento, nem 5%.
Após o levantamento dos dados, foi feita uma profunda reflexão do porque do índice tão pequeno em algumas regiões e altas em outras (Uberlândia 70%, Betim 90%) e conclui-se que a resposta a essa questão é: TRABALHO DE BASE da direção do sindicato e dos militantes que participam ou não do movimento de oposição. Essa reflexão levou à proposta feita pelo Muda Sind-Ute, que também foi aprovada pela assembléia de manter o comando de mobilização formada para construir a greve tornando-o "comando permanente de mobilização".
Apesar do índice pequeno, os nossos bravos companheiros e companheiras que saíram em greve conseguiram mantê-la por longos 29 dias, e nesse período coisas muito interessantes e importantes aconteceram. Vamos a elas:
1- Quebra da inércia do movimento que não se organizava desde a greve de 2004,
2- Formação dos comandos de mobilização da greve em várias regiões, que incorporou novos militantes ao movimento,
3- Essa renovação deu certo e fez a direção fazer autocrítica, ainda que bem velada, da sua ausência nas escolas e forçou-a a aceitar a manutenção desse comando após a greve,
4- Presença maciça do comando de mobilização nas escolas levando informações e fazendo uma profunda discussão política com a categoria sobre a importância de estarmos organizados e unificados em torno dos nossos interesses de termos disposição de lutarmos por eles. Essas discussões há muito tempo não aconteciam
por falta da presença constante da direção do Sind-ute nas escolas,
5- A organização dos trabalhadores em educação de regiões ou cidades como Campo Belo e adjacências, Aimorés e também adjacências, Uberlândia, Monte Carmelo etc, com certeza vai deixar importante exemplo pra toda a categoria e o movimento nessas regiões está definitivamente consolidado. Os trabalhadores foram sujeitos da sua história e surgiram importantes lideranças.
5- O governo, que se mantinha irredutível em negociar (desde 2007) teve que abrir negociação e reconhecer que havia uma pauta a ser discutida com os representantes dos trabalhadores, e finalmente a nossa trágica condição salarial e outras mazelas foram colocadas na mesa cara a cara com o governo.
6- A denúncia pra sociedade das precárias condições da educação em Minas em contraposição às propagandas milionárias de Aécio. Essa denúncia foi feita nas regiões onde a greve aconteceu através de manifestações que ganharam espaço na imprensa.
7- A direção do Sind-Ute foi atropelada pela base na assembléia de 3ª feira da semana passada, foi vaiada e perdeu o controle da situação com a tentativa da ocupação da Assembléia Legislativa. Isso foi extremamente importante porque finalmente a base tomou uma atitude em relação ao autoritarismo e controle absoluto que essa direção do sindicato vinha exercendo sobre as assembléias colocando seguranças e manobrando as inscrições e propostas feitas pelos trabalhadores. Esse comportamento da direção acontece porque a defesa dos interesses do seu grupo político (a Articulação, chamada no meio sindical de ArtSind) é, pra cúpula desse grupo, mais importante do que os interesses da categoria.
8- A forte repressão exercida pelos seguranças da ALMG e da tropa de choque da PM de Aécio e a coragem dos trabalhadores que lá estavam de enfrentar a truculência, gerou um fato político importante que furou o cerco da mídia e, finalmente a educação em Minas e a nossa greve entrou na pauta da imprensa em todo o estado.
9- O acampamento no pátio da ALMG de 3ª a 6ª deu oportunidades de aprofundamento das relações políticas entre dezenas de trabalhadores que lá permaneceram e que por lá passaram fortalecendo a nossa organização, e isso com certeza gerará bons frutos para as próximas lutas.
10- O amadurecimento da categoria que, na 3ª passada avaliou e decidiu acertadamente, contrariando a decisão do comando de greve e a direção do sindicato, que a greve tinha que continuar porque não havia tido conquistas e ontem, mesmo mantendo a avaliação de que não houve avanços nas bandeiras de luta que nos levaram a iniciar a greve, decidiu que era necessário suspender o movimento pra que o desgaste não fosse irremediável e para que possamos logo à frente recuperar as nossas forças, reorganizar a categoria e voltar fortalecidos e unificados numa nova luta contra esse governo,
11- E finalmente, a lição dada pela categoria presente nas assembléias à direção do sindicato e aos que dirigiram esse movimento através do comando de greve de que à vontade da base deve ser respeitada. Nós do movimento de oposição MUDA SIND-UTE, aprendemos muito com essa luta e dela saímos dela fortalecidos. Vamos ver nas próximas ações da direção do Sind-UTE que já está lá há quase 30 anos se eles absorveram os recados dados pela base.
A luta continua. Agora vamos fazer da nossa volta às escolas mais um momento de organização e fortalecimento da nossa categoria, conversando com os nossos colegas que não aderiram ao movimento da importância do papel de cada um nas próximas lutas. Uma luta nossa só será plenamente vitoriosa se contarmos com todos participando dela e pra que isso aconteça é necessário o diálogo permanente entre os trabalhadores. Não estamos divididos entre pelegos e não pelegos. O que nos divide é o governo com suas ações sacanas como corte de ponto e a criação de categorias entre nós de concursados, efetivados, designados etc , com direitos diferenciados. Essa realidade concreta vivida pelos trabalhadores dentro das escolas acaba criando níveis diferenciados de consciências políticas entre nós. É essa política que precisamos combater e não nossos colegas oprimidos por essa situação.
SÓ A LUTA MUDA A VIDA!!!!!
MOVIMENTO OPOSIÇÃO - MUDA SIND-UTE