sexta-feira, 28 de maio de 2010

Quanto vale a luta? O que se conquistou? O que se aprendeu? O que não se conquistou? Quanto vale...?

Não adianta fugir a regra, pois quando se termina ou suspende um movimento grevista ou qualquer outro movimento de reivindicações de classe, essa é a questão que sempre norteia nossas avaliações e opiniões.
Há aqueles que irão se prender ao imediato, ou seja, reivindicamos X, lutamos Y e ganhamos Z.
Há aqueles que irão relevar os pontos positivos frente a situação que se tinha antes e aqueles que irão repetir as mesmas “receitas de bolo” dos bolcheviques de plantão, de que a estratégia foi errada, de que há crise na direção ou de que essa luta é limitada e não adianta mais.
Eu diria que todas as questões podem estar certas ou erradas dependendo do ponto de partida da análise que se pretende fazer.
É incontestável que essa foi a maior greve do movimento sindical em Minas dos últimos 15 anos e inegável a disposição que a categoria dos trabalhadores (as) em educação manifestaram ao longo de 47 dias de luta e diga-se de passagem só quem não esteve na greve ou não é trabalhador é que ignora o que isso significa em um contexto onde o que reinava era a mais profunda apatia e desilusão com o sindicalismo e a luta política.
Para aqueles que só enxergam o momento presente e não compreendem que a vida é um processo dinâmico, dialético e às vezes flexível, que passa por etapas muitas das vezes imperceptíveis aos olhos dos mais desatentos ou precipitados, a não realização da nossa pauta de reivindicações é o coroamento do fracasso do movimento ou da falência da luta direta das massas.
Não se trata agora de fazer um balanço apenas do resultado financeiro restrito e isolado, mas do rico e fértil processo que esse movimento instaurou em nossa categoria.
Há cerca de oito anos, na greve de 2002, uma triste história teve seu ápice na traição que a direção do Sind- UTE operou contra a categoria que estava em Greve contra o então governo Itamar Franco, aliado de LULA nas eleições daquele ano.
Em uma assembléia histórica e com cerca de 10 mil pessoas, a Direção do sindicato ofuscada pelo processo eleitoral capitulou as pressões externas do PT e golpeou a todos com a decretação do fim de nossa greve. Foi uma revolta total e oito longos anos de ressaca de um processo que deixou marcas e desconfianças em nossa categoria.
Passado todo esse período as coisas não ficaram imóveis.
Nossas condições de trabalho ficaram cada vez mais precarizadas, por sua vez novos profissionais chegaram enquanto outros saíram e até o mais improvável aconteceu, uma ruptura interna no seio da Articulação Sindical forçando o grupo vitorioso a mudar o status quo reinante para se requalificar frente a sua base, com o resgate de discursos e ações abandonadas com o tempo.
Soma-se a isso uma pitada de humor político- eleitoral e temos todas as condições de se iniciar uma nova etapa no movimento.
Mas auto lá, vamos devagar... Principalmente aqueles que são mais afoitos. Uma nova etapa não significa que mudou tudo de vez ou que haverá um progresso contínuo, retilíneo e uniforme.
Estou falando que após todo esse rico processo que vivenciamos e que nos tirou do ostracismo político e que educou as massas que se lançaram ao campo de batalha, um novo e profícuo espaço se abriu entre nós e cabe agora àqueles que não se iludem com o economicismo sindical e que tem um compromisso com a luta para além do capital, explorar as oportunidades de reconstrução do movimento sindical na área da educação em nosso Estado.
A categoria dos trabalhadores (as) em educação, talvez sem ter a consciência disso, deu o maior exemplo de resistência e luta para o conjunto dos trabalhadores desse país e mesmo ressaltando essa convicção com uma pontinha de orgulho por ter participado desse movimento, faço-o com a mais absoluta serenidade após passar o furor das emoções e o contagio do calor impetuoso das massas.
Que categoria em tempos de abandono da luta classista e independente, no gozo mais requintado do modo de vida pós-moderno, individualista e sem utopias, cercada de aparelhos ideológicos e alienantes por todos os lados, poderia surpreender e suportar todo o arsenal do aparato do Estado burguês, que implacavelmente desferiu toda a artilharia que possuía contra os grevistas e a cada ataque a resposta era a adesão, a persistência e a luta?
E não estou falando aqui do trivial que lançam contra qualquer categoria que perturba a ordem burguesa, ou seja, a imprensa pusilânime, safada, mentirosa e imoral, a repressão policial ou a Justiça tendenciosa que nos colocou na condição de bandidos e fora da lei.
Estou falando de cortes de salário sobre pais e mães de família que mesmo na miséria não recuaram um milímetro sequer, estou falando de pessoas que não tem a educação como bico e que mesmo com a ameaça de desemprego evidente e as angústias e incertezas que isso trazia, mantiveram-se firmes e decididas a irem até o final.
Estou falando de uma massa de trabalhadores em assembléia ( cerca de 15 mil) que quando a Direção do sindicato, temerária e vacilante frente as ameaças do Governo, quis por fim a Greve em 18 de Maio, não vacilou e nem tremeu na base, atropelando o medo e a indecisão da Articulação com um sonoro coro de vozes e punhos cerrados em toda a Praça: GREVE, GREVE, GREVE, GREVE!!!!
A cada porrada do Governo , um saia do movimento, mas dois ou mais aderiam, a cada ataque desesperado a resposta era a indiferença dos grevistas a mesma que o Governo Aécio nos tratou durante todo esse tempo.
Já não tínhamos mais nada a perder, a não ser os grilhões que nos acorrentavam ao medo, a apatia, a mediocridade, a falta de amor próprio, ao ostracismo político e a cegueira de classe.
Se agora me perguntarem quanto valeu essa greve, eu direi sem dúvidas que valeu o aprendizado que tivemos e o resgate do sentido de nossa luta. Que, diga-se de passagem, não tem preço!
Se me perguntarem o que conquistamos de fato, direi que conquistamos o direito de sonhar de novo, de se rebelar de novo, de viver de novo, pois rompemos a barreira do lugar comum que tanto o sindicalismo acomodado e bem comportado, quanto a ideologia da conciliação de classes nos diz para seguir sem questionamentos.
A aula de resistência e luta que nossa categoria deu nas ruas e praças de Minas Gerais a fora, ecoaram por todo o país e hoje tem motivado a outras categorias do nosso Estado a se mobilizarem e saírem do mundo das sombras na qual elas se encontram.
É muito simplório e idealista talvez, querer dizer que saímos derrotados...
-Ledo engano!
Em todos esses 20 anos como militante eu nunca assisti uma categoria, mesmo dividida ao meio quando da votação da continuidade da greve, continuar em sua grande maioria junta e unida, esperando o desfecho final da assinatura do acordo que suspendeu nosso movimento.
O nosso retorno para as salas de aula não foi de cabeças baixas com o rabo por entre as pernas como vivenciei muitas vezes em minha vida.
De cabeças baixas e com os rabos por entre as pernas estavam meus tristes e ignóbeis fura greves que não conseguiam esconder o constrangimento de tanta covardia e mediocridade.
E olha que muitos nem agradeceram a conquista do concurso público que agora vão poder fazer graças ao nosso movimento e quem sabe saírem da triste condição de designados/ resignados!
E confesso que só desfiz meu sorriso e alegria ao voltar de cabeça erguida para a escola, quando fui recebido com aplausos por um grupo de alunos do EJA, por serem trabalhadores e sentirem na pele o que é ser explorado dia a dia como escravo. A essa manifestação de solidariedade inesperada não respondi com sorrisos...
-Chorei copiosamente, abraçado a eles (as).
Se não conquistamos tudo o que merecíamos e tendo o gostinho de que poderíamos ter ido mais longe, se não fossem as vacilações da Direção do sindicato, o sentimento de resgate da identidade de classe, da autonomia sobre sua profissão, da coragem e da ousadia realimentou de vida e esperança uma categoria que era julgada como moribunda ou morta, sem respeito e que não protagonizaria mais nada no cenário político desse Estado.
Para aqueles que viveram a Greve intensamente, para aqueles que sentiram os impactos de nossas manifestações nas ruas de Minas e foram forjando em seu ser social uma nova consciência, para aqueles que mudaram o eixo da triste sina ao qual estávamos errantes, não é preciso dizer que valeu muito a nossa luta e que frente à etapa na qual nos encontrávamos anteriormente a luta da classe trabalhadora em geral saiu vitoriosa dessa greve.
Sem receio do que vou dizer, construímos na história de nosso movimento, uma nova etapa política, que se iniciou quando a indignação e a esperança venceram o medo e o imobilismo. E esta etapa está aberta e cheia de possibilidades àqueles que desejam reconstruir o sindicalismo classista, independente e combativo em nossa categoria.
Dezenas de novos militantes surgiram nessa Greve, centenas de trabalhadores voltaram seus olhos para o papel de nossa categoria no cenário sindical e político desse Estado ou retornaram ao movimento depois de tantas desilusões e traições de classe e milhares de profissionais, mesmo que decepcionados com a condução da Greve em sua reta final perceberam a força de mobilização que ainda possuímos.
Não podemos enquanto marxistas, avaliar um movimento de massas apenas pelo seu aspecto reivindicatório e economicista, ou subjugar a pujança desse movimento e todas as suas variantes, por este não ter conseguido maiores vitórias ou não ter chegado aos céus e tomado o poder das mãos da burguesia!
A cada etapa, um processo diferente, a cada processo uma análise à luz do que havia antes e das mudanças que se manifestaram e transformaram a realidade objetiva e subjetiva e a cada mudança o entendimento do que estava em contradição e do que surgiu dessa contradição e se instaurou como o novo ou como a possibilidade do novo.
Sem isso companheiros(as) fica difícil querer fazer uma análise bem feita de nossa Greve, ou de qualquer movimento de massas que se coloque em oposição ao sistema capitalista, mesmo que lutando contra aspectos isolados desse sistema, como é o caso da luta econômica.
No nosso caso, quando a Justiça do Trabalho julgou nossa Greve ilegal e nos colocou na ilegalidade, rasgando a Constituição, passando por cima do Direito de Greve e penalizando a categoria com multa e ameaça de demissões, a Greve da educação assumiu naquele momento um simbolismo nunca antes evidenciado em nosso Estado. Pois já não se tratava mais de uma Greve salarial e contrária ao Governo do PSDB, mas uma Greve de dimensões maiores, pois nossa desobediência à ilegalidade da Justiça e a Magistratura subserviente representava todo o sentimento de resistência do conjunto do funcionalismo do Estado e mesmo do Brasil.
Não podemos nos esquecer que o ex-grevista e sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, apoiava naquele mesmo momento a decisão do STJ de decretar a ilegalidade da Greve dos Funcionários do IBAMA que se viram constrangidos a recuarem e terminarem o movimento.
Sem dúvidas há muito ainda o que se superar, tanto em nossa estrutura sindical, quanto em nossas táticas de luta e organização, tanto em nossas concepções, quanto em nossas debilidades e vícios... Mas é inegável que após a Greve de 2010 dos educadores de Minas Gerais, uma “nova” lição todos nós reaprendemos na escola da luta de classes:
Só com a luta se muda a vida e só vive de fato aquele que ousa lutar.

Fábio Bezerra.
(Trabalhador em educação, membro do comando de Greve e da INTERSINDICAL- MG).

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Mais uma derrota dos professores de Minas Gerais! Por quê?


Essa deve ser a décima derrota que assisto de minha categoria (embora eu não esteja dando aulas, me sinto professor). Alguns farão análises positivas, que foi o maior movimento dos últimos anos, que conseguiu essa e aquela promessa do governo, que para derrotar essa greve as elites utilizaram todo seu potencial de mentir para o povo, e a "Justiça" que foi completamente parcial e política. Mas nada disso pode esconder que é mais uma derrota! E é bom que não se esconda essa derrota, pois temos que aprender com ela. Por que fomos derrotados?

Em primeiro lugar, pelos mesmos motivos de sempre!!! Sim, pois desde que me conheço por gente, quando ainda era estudante, só vejo os professores usando a mesma tática derrotada várias vezes! Isso é absurdo, é suicídio, eu diria político, mas na verdade o suicídio dos professores de Minas é Apolítico. Eis o problema. Todas essas greves derrotadas não arranharam os governos diversos. Agora mesmo pode-se ver o governador no topo das pesquisas para o Senado e o vice crescendo nas pesquisas para o governo. A greve lhes fez pouco, ou nenhum, estrago.

Então o movimento nasceu derrotado! Bem que o afirma Sun Tzu, livro de cabeceira de Mao Zedung, que os exércitos quase sempre já são vencedores ou derrotados antes da batalha. Se uma greve de funcionários públicos pagos pelo governo não tira votos dos governantes, ela é mais fraca que o palestino que lança uma pedra contra um tanque israelense, pois a pedra ao menos arranha o tanque. Mas os professores têm armas capazes de arrancar votos do governo, ou podem construí-las, pois sabem escrever e falar! A arma principal da política é a imprensa. Quem não tem imprensa não é nada na luta política.

Mas estamos dois passos atrazados, ou seja, existem dois pontos dos quais tenho certeza que a maioria dos professores não está convicta.

1 - Que essa luta é política, quase só política, diferente da luta de outros trabalhadores que é econômica. Os professores não querem aceitar isso não devido às teorias que falam que são "produtores de conhecimento", que estão agregando valor à mão-de-obra com suas aulas e outras bobagens. Isso são para o professorado no muito desculpas e piadas. O fato é que não querem se envolver em política! Aliás, teriam dificuldades, pois estão longe de ter unidade e muitos votaram e continuarão votando em seus algozes tucanos. Porém, sem resolver essa questão, não se precisa nem pensar em vitória dos professores.

2 - Que a imprensa é toda política, são os verdadeiros partidos políticos, e que hoje é toda inimiga. Contudo, persiste a idéia de que seria possível chamar a atenção da grande imprensa. Que idiotice! Se a grande imprensa cobre nossos atos, é para denegrí-los e distorcê-los. Precisamos de nosso próprio sistema de imformações, é para isso que deve ser dedicado o dinheiro do Sindicato, aliás, dos Sindicatos e partidos de esquerda. Porque sem isso não existimos, nossas manifestações não existem, e o mundo é um paraíso capitalista, em que todos vivem na fartura. Mas nem sem dar aulas, sem corrigir provas, reunindo-se etc., os professores criaram seus jornais. E bater com força na imprensa mentirosa, nem pensar, ainda sonham em ter o apoio desses corruptos.

Certamente alguns vão responder que foi feita política, sim, que foram feitos atos e distribuídos panfletos. Atos que só os professores viram e panfletos que só falavam da situação dos professores, das negociações com o governo e que só os professores, suas famílias e alguns amigos viram. Isso não chega aos pés da política. Os professores tinham que ter publicado denúncias de tudo que é assunto - os jornalistas demitidos no primeiro mandato, os gastos com publicidade, o que paga aos grandes jornais de Minas (aliás, a imprensa adversária tem que ser atacada, com o objetivo de desmoralização, pois é o inimigo), seus financiadores, os impostos que criou e aumentou etc.

Mas já repito isso há alguns anos, e o Sind-UTE é um sindicato estadual, ou seja, da minha cidade não tenho sobre a direção desse sindicato influência alguma. Ter sindicato estadual em um estado do tamanho de Minas é quase como não ter sindicato.

Alex Lombello Amaral
S. João del Rei/MG

Veja também o artigo de Fábio Bezerra http://ucdiariodaclasse.blogspot.com/2010/04/aquilo-que-imprensa-nao-viu-e-nem-quis.html

DEPUTADOS DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS QUE VOTARAM CONTRA OS TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO

segunda-feira, 24 de maio de 2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Um Exemplo para o Brasil: Uma aula de Resistência e Luta!


Eram duas horas da tarde desse 18 de Maio e a praça ainda estava vazia. Chegava um ali, outro aqui, e nos olhos de quem era pontual com o horário de início de mais uma assembléia da Greve dos educadores de Minas, um misto de ansiedade e angústia se esboçava.

A tensão era evidente, pois chegávamos a 42 dias de greve e o Governo resolverá endurecer de vez e lançar talvez a última cartada. Todos os jornais anunciavam que a Greve iria acabar e que o sindicato iria aceitar o acordo do Governo. Muito boato, muito zumzumzum e de certo havia apenas a informação que no dia seguinte a ordem de demitir todos(as) os contratados e abrir processo administrativo contra os efetivos seria cumprido a risca.

Mas eis que chega um bumbo, entoando uma nota só com um cordão de educadores agitando-se em ziguezague chamando a atenção da polícia e lá mais adiante chega um ônibus e dele dessem dezenas de mulheres com os rostos marcados pelo tempo, de semblante altivo e passo firme e não demora muito a praça antes vazia vai se enchendo de graça, de vida, de gente trabalhadora, de força e emoção...

Quarenta e dois dias de luta, de resistência, de enfrentamento e de muita pressão por parte do governo.

Como não resolveu a mentira e a calúnia, veiculadas na imprensa pusilânime e vendida, como se não bastasse os pseudo- projetos dos capachos-mor do Governo, que se lançaram contra os grevistas, camuflados de representantes de pais de alunos, que só aparecem para falar mal dos educadores e serem contra a Greve, como se não bastasse a repressão policial, as infiltrações e perseguições, se não bastasse o descaso e a ingratidão dos fura greves, a letargia de alguns e a omissão de outros, agora veio o Sr. Governador ter uma recaída e achar que é Ditador, impondo a categoria o castigo da demissão caso não cessasse o movimento!?

-Deixa estar!! Foi o que uma auxiliar de serviços gerais repetia a cada acusação feita ao governo e seus comparsas.

Deixa estar... Pois será que ele se esqueceu que essa mesma categoria dobrou o autoritarismo da Ditadura Militar em 79 e contra balas e canhões nós tínhamos apenas a indignação e a coragem e vencemos!

Deixa estar... Pois será que o Governo pensa que é tratando educadores como se fossem criminosos, foras da lei, com chibata e ameaças, é que iremos recuar e como cordeirinhos voltar para as escolas, de cabeça baixa e ainda mais humilhados do que já somos? Pois quem pratica crime contra a educação e está fora da lei é o próprio governador que endividou a máquina pública, não cumpre com a lei do Piso Salarial em Minas, engana a população com as maquiagens feitas nas escolas, além de praticar falsidade ideológica quando diz que negocia e investe na educação!

Deixa estar... Pois não deu outra, em menos de uma hora toda a praça estava lotada de vida e dignidade e sem vacilar nossa categoria deu uma aula para o Brasil de como resistir e lutar pela respeito a quem educa e só tem o conhecimento e a palavra como armas contra tanta opressão, safadeza e exploração desferida sobre os trabalhadores(as).

_ Se vai demitir, então que demita! Gritava um trabalhador.

_ Se vai cortar, então que corte logo, pois meu salário não enche meu armário! Gritava outro.

E assim de protesto em protesto, de intervenção em intervenção, lado a lado, a multidão foi se aglomerando e no fim das falações o golpe final sobre aqueles que, com mentiras e pressões veiculadas na imprensa apostavam fichas no fim da Greve.

Quinze mil punhos cerrados na praça e um longo e estrondante grito de GREVE, GREVE, GREVE foi a resposta da categoria para todo o mundo ouvir!

Braços cruzados escolas paradas é o resultado da falência do Governo Aécio Neves/Anastásia (PSDB), que jogou no fundo do posso a educação pública de Minas afetando mais de 500 mil alunos em todo o Estado.

Em Minas ainda se respira liberdade, apesar dos pesados pesares... Ainda se mantém a esperança, apesar do ódio e do medo que foram propagados... Ainda existe vida e dignidade, apesar de tentarem nos encarcerar e nos matar com tanta indiferença e hipocrisia.

Estão tentando acabar com o nosso movimento de todas as formas, fazer o que fizeram com nossos companheiros de São Paulo e nos dividir como aconteceu com os companheiros de Belo Horizonte. Mas a GREVE segue forte e quem está na luta segue unido e convencido cada vez mais de quem já não temos mais nada a perder a não ser as correntes da miséria que nos prendem durante anos ao ostracismo e a senzala, ao qual se transformou a educação sob a tutela do Governador encantado e maquiado, que um dia sonhou ser presidente do Brasil e queria aplicar seu choque de indigestão sobre o restante da nação.

Uma nova página da História da Luta dos trabalhadores(as) está sendo construída com sangue, suor e lágrimas nas ruas desse Estado afora. Aqueles que ainda insistem em duvidar do poder da classe trabalhadora, da sua disposição e principalmente da sua força e unidade, que vá para as ruas e praças onde estamos dando uma aula de cidadania e luta, para aprender que não se deve subjugar e subestimar uma categoria radicalizada que já não tem mais nada a perder e que quanto mais o governo bate, mais unido, determinado e forte fica o nosso movimento.


 
Viva a luta dos trabalhadores (as) em educação de Minas.

Viva nossa vitoriosa GREVE.

Fábio Bezerra.

(Trabalhador em educação e membro da INTERSINDICAL)

terça-feira, 18 de maio de 2010

NOTA DA UNIDADE CLASSISTA-INTERSINDICAL/MG - CAI A ÚLTIMA MÁSCARA...

GOVERNO AMEAÇA DEMITIR E IMPOR DERROTA A NOSSA CATEGORIA.

E AGORA COMPANHEIRO?

Há mais de 40 dias estamos em GREVE e nesse período o Governo do Estado não poupou ações que procurassem derrotar o legítimo movimento dos educadores.

Vivemos com um dos piores salários do Brasil que há mais de 5 anos não é reajustado. O reajuste de 10% sobre o piso salarial apresentado em Março, levando-se em conta o TETO estabelecido pelo Governo de R$950,00 sem contabilizar os descontos previdenciários, além de não recompor as perdas desse período,não alterará em nada os salários daqueles que possuem biênios e qüinqüênios, pois estes benefícios serão subtraídos devido ao TETO imposto pelo Governo.

Tudo o que o Governo pode fazer para nos derrotar ele fez. Falsas informações veiculadas na mídia, ameaças de corte salarial e demissões, uso da força militar para reprimir manifestações e por fim o apelo a justiça que na última sexta julgou nossa greve como ilegal sob a alegação de ser um serviço essencial.

Tão essencial que o (des) Governo Aécio/ Anastasia (PSDB) pouco se importou com as condições de trabalho de nossa categoria durante todos esses anos, sofrendo com o descaso, com as doenças funcionais e com o achatamento salarial.

A criminalização dos movimentos sociais em curso em nosso Estado não está desassociada de um movimento similar que o Governo Lula e outros governos estaduais em ano eleitoral resolveram desencadear para frear e ou acabar com as reivindicações do funcionalismo que sempre é o escolhido para pagar as contas da gastança pública como a construção da faraónica cidade administrativa que custou mais de 1 BILHÃO DE REAIS ou dos efeitos das crises do capitalismo.

Em uma magnífica demonstração de coragem e determinação nossa categoria em GREVE lotou praças, fez passeatas gigantescas, com mais de 15 mil pessoas, inaugurou sob protestos a Cidade Administrativa e desencadeou em todo o Estado ações de rua que expuseram a falência do ensino sob a tutela de Aécio. Nesse momento, nossa GREVE que já é a maior dos últimos 10 anos sofre um decisivo ataque. A Direção do SIND- UTE encaminha a proposta se suspensão da GREVE, devido as ameaças do Governo demitir todos os designados e efetivados sob a lei 100, que se manterem em greve e abrir processo administrativo contra os grevistas concursados.

Nunca na história de nossa luta um Governo apelou para a Justiça criminalizar e reprimir nossa categoria como o objetivo de subjugar os trabalhadores (as) e forçar o fim do movimento. Se isso acontecer um precedente perigosíssimo estará abrindo as portas para que toda e qualquer manifestação do funcionalismo seja considerada ilegal obrigando sob pena de sanções a ter que terminar. Qualquer semelhança com os excessos da Ditadura Militar não são meras coincidências.

Cabe a nossa categoria e não a DIREÇÃO DO SIND- UTE, decidir sobre a continuidade ou não do movimento. Até aqui reconquistamos nossa dignidade, denunciamos a sociedade as condições de miséria na qual estamos sujeitados, enfrentamos com determinação todos os ataques e nos mantemos unidos e convictos da importância da nossa luta e das nossas justas reivindicações.

Nós da UNIDADE CLASSISTA/ INTERSINDICAL entendemos que a responsabilidade pela Greve é de todos nós, pois o que está em questão não são apenas os empregos de mais de 70 mil trabalhadores (as) em Greve, mas o inalienável direito de resistir contra a exploração e lutar por uma vida profissional digna e um ensino público de qualidade. Exigimos o devido respeito com pais e mães de família que estão de braços cruzados não por opção mas por necessidade, que são educadores e não criminosos.

Frente a essa desesperada e inconseqüente ação do (des) Governo Aécio/ Anastasia entendemos que a melhor resposta é a radicalização de nossa greve e o enfrentamento a mais esse ataque. O Comando Estadual de Greve deve assumir a condução das negociações e disponibilizar tudo o que for necessário para que possamos RESISTIR a mais esse ataque CONQUISTAR avanços em nossa profissão.

domingo, 16 de maio de 2010

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Contagem

ASSEMBLÉIA GERAL DOS/AS TRABALHADORES/AS EM EDUCAÇÃO DE CONTAGEM
Rede Municipal e FUNEC
14/05/2010 - 6º feira - 8 horas
Local - Espaço Popular - (Escadaria da Igreja São Gonçalo)
PAUTA:
CAMPANHA SALARIAL EDUCACIONAL 2010
PLANO DE CARREIRAS
CONSTRUÇÃO DA GREVE
PARALIZAÇÃO TOTAL

terça-feira, 11 de maio de 2010

Entenda o contracheque de um professor de Minas Gerais...


Atendendo à sugestão de um visitante do nosso blog, divulgamos acima um contracheque de professores.

O contracheque em tela é comum aos professores com as seguintes características:

a) a data do contracheque é de março de 2010, portanto, foi pago este mês de abril de 2010,

b) o símbolo PEB3B significa que se trata de um professor com licenciatura plena (curso superior), que cumpriu o estágio probatório e recebeu uma progressão na carreira, de A para B,

c) o piso básico deste professor, sobre o qual incidem as gratificações e mudanças na carreira, é de R$ 515,49. Se fosse um professor PEB3A, o piso seria de R$ 500,00. Como o professor em questão recebeu uma progressão, teve um aumento de 3% sobre o piso de R$ 500,00. Logo, o piso pulou para R$ 515,00. Se este professor mudar de nível (promoção), passando para PEB4 - mudança que ocorre a cada cinco anos, desde que haja titularidade adequada (pós-graduação), ele receberá aumento de 22% sobre o piso. Ou seja, seu salário base seria de R$ 610,00,

d) como o governador criou um teto salarial de R$ 850,00 - que o governo vende para a opinião pública que se trata de um "piso remuneratório", a diferença entre os tais R$ 515,49 e o teto de R$ 850,00 é preenchida com penduricalhos e gratificações, como: VTI (Vantagem Temporária Incorporada), PCRM (Parcela Complementar de Remuneração do Magistério), além da gratificação de incentivo à docência (mais conhecido como pó-de-giz) que é um percentu al de 20% sobre o piso real de R$ 515,49,

e) toda a movimentação ocorrida na carreira (progressões, promoções, quinquenios, etc) é deduzida dos penduricalhos (VTI e PCRM, sem alterar o teto salarial de R$ 850,00. Assim, se o professor mudar de PEB3 para PEB4 após cinco anos de trabalho e tendo feito especialização ou mestrado ele continuará recebendo os mesmos R$ 850,00 de salário bruto,

f) sobre este volumoso salário de R$ 850,00 há o desconto da previdência de 11%, mais o desconto do Ipsemg - que até ontem era compulsório -, mais as contribuições sindicais. O que restou como salário líquido, que é aquele valor que o trabalhador bota a mão no dia do pagamento, é a expressiva quantia de R$ 720,55,

g) ou seja, não dá nem p ra pagar um almoço de deputado, que, de acordo com as notas fiscais das verbas indenizatórias que eles recebem para custear aluguel, comida, casa, transporte, etc, além dos poupudos salários, chega a custar R$ 9 mil reais numa só tarde de almoço,

h) e é assim que Minas avança! Com choque de gestão em cima dos educadores...
Fonte: Blog do Euler

sábado, 8 de maio de 2010

NOTA DE SOLIDARIEDADE À GREVE DOS EDUCADORES DE MINAS

Há mais de cinco anos os educadores de Minas estão com seus salários congelados sob péssimas condições de trabalho. O Governo Aécio Neves submeteu a educação em Minas a um dos piores processos de sucateamento. Salas super lotadas, falta de material didático, equipamentos que não funcionam, falta de segurança, são algumas das situações enfrentadas pela categoria de trabalhadores em educação. Para piorar o Choque de Gestão cortou recursos para a educação, retirou direitos e impôs uma avaliação de desempenho que escamoteia o descaso do Estado e joga a culpa do descaso e da crise da educação pública em cima dos trabalhadores(as).

A greve dos educadores de Minas ao contrário dos ataques da imprensa, não é uma greve eleitoreira, mas é a justa expressão de uma categoria que cansou de promessas vazias e do descaso do Governo com a educação. Os educadores tem demonstrado um vigor e acima de tudo muita disposição e unidade para enfrentar, até aqui, todos os ataques que a imprensa, a justiça e a Secretaria de Educação tem implementado contra a greve. Ameaças de demissão, difamações e inverdades divulgadas na mídia e até a cassação do direito de greve com a decretação preventiva de ilegalidade do movimento já foram utilizados para reprimir o movimento. Recentemente o uso da força policial foi outra tentativa desesperada do Governo para sufocar a greve.

Nós da INTERSINDICAL estamos juntos desde o início do movimento com os educadores de Minas e compartilhamos da justa luta pela reivindicação do piso de R$1312,00 para 24 horas/semanais. Essa GREVE que já é a maior dos últimos 10 anos e que tem incomodado o Governo, pois está desmascarando as falácias aos olhos da população, é o maior exemplo de resistência de uma categoria aos ataques dos governos neoliberais e de luta pela valorização do ensino público.

Os últimos ataques do Governo através da justiça e da repressão militar demonstram o desespero em acabar com nosso movimento. Essas armas são típicas de governos em crise que não conseguem dialogar com os trabalhadores (as) e que desejam manter o grau de exploração ou aumentar o arrocho e a retirada de direitos, como acontece nesse momento em países que estão à beira do caos econômico, como é o caso da Grécia, Portugal e Espanha, devido a crise do sistema capitalista.

A INTERSINDICAL estará presente e não evidará esforços para que o movimento consiga atingir seus objetivos.

Viva a luta pela dignidade e valorização da educação pública!
Viva a resistência e a coragem dos grevistas em educação!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Depoimento de um professor mineiro sobre o salário da categoria

Sou professor do Estado de Minas Gerais desde 2001. Formado em licenciatura Plena em Matemática, atualmente curso pós graduação em Cálculo na Ufmg e pago R$ 280,00 mensais em 17 parcelas ao custo total de R$ 4.760,00. Depois de concluído o curso, receberei, em relação ao salário atual, R$ 50,04 de adicional. Isto significa que o governo do estado valoriza os profissionais da educação com especialização da seguinte maneira: depois de 95 meses (não se assuste são 8 anos mesmo!), o tempo que gastamos para pagar nosso curso através do adicional pago pelo governo, realmente o adicional pago passa a ser investimento.
Então esse é o governo incentiva a educação? A formação de professores e demais profissionais? Nesse momento me pergunto, ao ouvir a população em geral criticar a greve dos professores, quem está prejudicando a educação dos seus filhos? É dessa forma que Minas avança?

Minha formação em matemática não permite esconder-me e deixar as informações divulgadas pela SEE –MG confundir e iludir a população em geral, aliás esse é um dos meus papéis como educador: formar um cidadão crítico, analítico e que se posiciona diante das informações que a ele chegam.

Irei-me ater aos itens constituintes do salário de um professor do estado. O governo noticiou que o piso salarial era R$ 850,00 e que após o aumento de 10% passou para R$ 935,00. E aí já começa a ilusão e manipulação da informação, isso porque os valores acima NÃO SÃO PISO, que é o salário básico de uma categoria, e SIM UM TETO. Para entender essa diferença, olhe cuidadosamente as tabelas abaixo:

 TABELA 1
VENCIMENTOS
SALARIO BASE R$ 500,48
GRATIFIC. INCENTIVO A DOCÊNCIA R$ 100,10
AUXÍLIO TRANSPORTE R$ 36,80
TOTAL R$ 637,38
Os valores da tabela são referentes aos ganhos de um professor em início de carreira e não estão considerando os descontos. OBSERVE QUE O SALÁRIO BASE É R$ 500,48.

continua

sábado, 1 de maio de 2010

Ovação ao trabalho, ao trabalhador

Acredito no trabalho

No trabalho e no trabalhador

Trabalhador que sendo homem ou mulher

De qualquer outra definição que vamos criar de orientação sexual,

Que tendo possibilidades...

Acredito na redução das jornadas

Mas no aumento de outras,

Outras viagens, abstrações artísticas

Afirmo a palavra, palavra bruta

Saindo da pedra e do barro

lapidada na História

Sendo universal pra ser poesia, sendo local pra denúncia!

Acredito no olhar da mulher lavadeira,

O meu, de mulher, conjugado com o dela um só

Acredito na força das mãos

No trabalho suado, no intelectual forjado para a melhoria de ambos,

Acredito no trabalhador-estudante;

No estudante-trabalhador,

Na abertura voluntária,

E na obrigação revolucionária do agir;

Acredito na face envelhecida,

E nos pés dos bolivianos,

Nas vozes que soam no Himalaia,

E também nos cantos da Serra Pelada,

Na poesia em anexos,

feita na angústia da corrida do ônibus.

Ou na abstração feita num sentido.

Acredito na fera guardada no povo,

Na “perda de paciência”,

Na fúria saída dos ventres maternos,

Acredito no trabalhador de rosto escondido segurando um fuzil,

Nas “três flores da esperança”, esperança que ainda, só ainda não sabe escrever...

E também nas flores seguradas e jogadas,

Sendo assim ou assado estou com quem quer o outro.

Acredito na cidade, no campo e na fábrica!

Acredito no menino feito trabalhador,

Não invisível aos meus olhos no malabarismo do sinal de trânsito,

Na menina feita mulher antes do tempo, e,

desgraçada terá para nós outra graça socialista!

Acredito no tempo, na mudança,

Porque não há outra forma!

Acredito na organização das mãos dadas!

Na verdade dos que só podem juntar-se para dar emancipação ao mundo todo!

E também nas escolhas pensadas em abraços e punhos esquerdos levantados,

Com angústia e sorrisos,

Com arte, trabalho e vida,

Porque não há um só,

Seremos milhões, milhões de trabalhadores e palhaços,

Picassos e Tarsilas,

Será possível, é possível.

Porque o passado não nos cabe,

O futuro incerto demais,

Só o presente nos abrilhanta de realidade.

LAILA VIEIRA DE OLIVEIRA
Poetisa mineira e ativista social